Manuel Teles Barreto (1523-1587), VI Governador Geral do Brasil

MANUEL TELES BARRETO (1523-1587)
Filho de Henrique Moniz Barreto, Comendador da Ordem de Cristo, e de s/mer D. Maria de Melo, fª de João de Mendoça, "o Cação" I, Alcaide-Mor de Chaves, e de s/mer D. Filipa de Melo, dos São Paio, Senhores de Vila Flor; neto paterno de Afonso Teles Barreto, Sr. dos Direitos Reais da Barca de Albufeira, da Portagem de Loulé e da Renda do Realejo, por mercê do Rei D. Afonso V, em 1478, e de s/mer D. Germineza Pereira; bisneto paterno de Gonçalo Nunes Barreto, I Sr. do Morgado de Santa Catarina de Quarteira (hoje Vila Moura), tronco dos Barreto, em Portugal, e de s/mer D. Isabel Pereira.
Manuel Teles Barreto passou à India onde serviu na armada do Estreito de Ormuz. Regressado ao Reino, teve o cargo de Vereador da Câmara de Lisboa. Em 1573, encontrava-se em Aveiro, administrando a sua Comenda de São Miguel, na Ordem de Avis. Acompanhou o Rei D. Sebastião na jornada do Norte de África, sendo um dos capitães na batalha de Alcácer-Quibir (Agosto de 1578).
Com cerca de 60 anos, em 20.11.1581, foi nomeado "Capitão da Cidade do Salvador e Governador da dita Capitania e de outras do Brasil", ou seja, foi o VI Governador e Capitão General do Brasil e o primeiro depois da ocupação espanhola. Como era hábito, foi então nomeado para o Conselho de Filipe I. Embarcou na nau "Chagas de São Francisco", chegando à Baía em 9.5.1583. No mesmo navio seguiram os Padres Jesuítas Cristovão de Gouveia, Fernão Cardim e Rodrigo de Freitas.
Manuel Teles Barreto sucedeu a uma junta governativa, formada pelo Ouvidor-Geral, Cosme Rangel de Macedo e pelo Bispo António Barreiros, após a morte do Governador Lourenço da Veiga, mas na prática usurpada por Rangel de Macedo que ali exercia uma acção despótica.
O governo de Teles Barreto não foi fácil, desde logo pelas represálias exercidas pelo Ouvidor-Geral, depois pela falta de homens e meios militares suficientes para a defesa da colónia. Com efeito, no Brasil reflectiam-se as consequências da rivalidade entre a Espanha, que ocupava Portugal, e a Inglaterra. Assim, a costa era sistematicamente devastada pelos piratas ingleses, entre os quais Thomas Cavendish e James Lancaster. Acresce que os franceses, disputando aos jesuítas a confiança dos índios, iam ocupando ou consolidando posições estratégicas no território. Uma dessas posições era a região de Paraíba, que fora já objecto de 3 expedições sem sucesso. Manuel Teles Barreto organizou, planeou então (1584) um assalto definitivo à região, para o que contou com o apoio da frota do Almirante espanhol D. Diogo Flores de Valdés e as forças terrestres do Capitão-Mor Frutuoso Barbosa, que já havia participado nas expedições anteriores. Os franceses foram batidos e expulsos e Teles Barreto fundou, em 5.8.1585 a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves (a 2ª Cidade Real do Brasil), numa colina nas margens do rio Sanhauá, afluente do rio Paraíba, 18 kms acima da foz deste ultimo. Alguns meses depois, em 4.11.1585, o Ouvidor-Geral Martim Leitão, com o apoio dos homens do cacique Piragibe, subjugou os derradeiros resistentes e erigiu um novo forte. Em 1588, a cidade passou a chamar-se "Filipeia de Nossa Senhora das Neves", em homenagem ao Rei Filipe I. Esta cidade constituiu o núcleo da cidade de Paraíba, hoje João Pessoa, em homenagem a João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque,Presidente do Estado de Paraíba, assassinado em 1930, quando concorria à Vice-Presidência da Republica do Brasil.
Expulsos de Paraíba, os franceses viriam a vingar-se, em Sergipe, com o apoio dos índios do cacique Baepeba, aniquilando cerca de 150 portugueses.
No governo de Teles Barreto abriu-se o comércio entre a Baía e o Rio da Prata, por iniciativa do Bispo de Tucuman, D. Frei Francisco da Vitória. Deu-se ainda, no seu mandato, grande impulso à exploração agrícola. Vencido pelo cansaço de uma vida intensa e já longa, agravada pelas doenças, Manuel Teles Barreto faleceu em 1587.
Casou com sua parente D. Joana da Silva, fª herdeira de Pedro Barreto, Comendador de Almada, na Ordem de Santiago, e de sua 1ª mulher, D. Paula de Brito, dos quais nasceu D. Maria de Mendoça e Albuquerque, IV Senhora do Morgado dos Albuquerque, "a Bacalhôa", casada com D. Jerónimo Manoel, "o Bacalhau", Comendador de São Mamede de Troviscoso e de São Martinho de Moreira de Rei, na Ordem de Cristo, Capitão-Mor da Armada da India, Porteiro-Mor do Rei Filipe I. Com geração em Bivar Weinholtz (Bivar Albuquerque de Mendoça e Weinholtz), que representa estas linhas genealógicas.

Luis Bivar de Azevedo

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