CEUTA NOS NOSSOS COSTADOS

A propósito da passagem dos 600 anos da Jornada de Ceuta, recordo aos interessados que nesse acontecimento participaram, entre outros, 5 dos nossos avoengos, que são, também, figuras notáveis da História de Portugal.

1. Afonso Furtado
 Capitão-Mor do Mar, Anadel-Mor de Besteiros do Conto, no reinado de D. João I, por mercê deste soberano, Senhor das Quintas de Oliveira e de Telhada, do Paço do Lumiar, da Garra, em Vila Real, das Lezírias de Assumar, etc, o primeiro português a receber de John of Gaunt, Duque de Lancaster, o Livery Collar.
Ao planear a expedição a Ceuta, D. João I, com toda a prudência e para não pôr em risco, em campo mourisco, os exitos da Batalha de Aljubarrota, quis recolher o maior número de informações sobre aquela praça marroquina. Assim, decide enviar à Sicília o Prior do Hospital, D. Alvaro Gonçalves Camelo, e o Capitão-Mor do Mar, Afonso Furtado. O pretexto era pedir a mão da Rainha Branca de Navarra, viúva de Martim I, Rei da Sicília, para o Infante D. Pedro, em vez do Infante D. João, que se sabia ser o preferido dsa Rainha.
As galés dos enviados fizeram aguada em Ceuta, onde tiveram ocasião de efectuar o reconhecimento da praça, de forma minuciosa. Prosseguiram a sua viagem até à Sicília e aí, como se esperava, as suas propostas não foram aceites.. Regressados ao Reino, apresentaram ao Rei  D. João um relatório oficial da missão e, particularmente, transmitiram ao soberano as suas impressões pessoais sobre Ceuta. Afonso Furtado, não foi muito loquaz, limitando-se a afirmar que o Rei seria bem sucedido na empresa, ao que D. João insistiu para que se explicasse melhor. Afonso Furtado disse então que, em menino acompanhara seu pai a Ceuta e, nessa altura, ouvira um velho mouro profetizar que um rei de nome João, filho natural do rei defunto, seria o primeiro do seu reino a dominar África. Seja como fôr, essa viagem de reconhecimento contribuiu, certamente, para o sucesso da estratégia desenvolvida na conquista de Ceuta.
Afonso Furtado foi o tronco dos Mendonça Furtado portugueses, representados por várias linhas e ramos, entre as quais os Duques de Loulé, os Condes de Barbacena, os Condes de Mesquitela, os Marqueses de Sabugosa, os Viscondes de Vila Nova de Souto d' El-Rei, os Bivar Weinholtz, os Machado de Mendoça Cabral de Estefique, etc.
(Ver: "História e Genealogia dos Mendoça Furtado, Alcaides-Mores de Mourão. 1476-1674", 2001, minha autoria)

2. Martim Afonso de Melo (c.1365-1432)
Guarda-Mor de D. João I, Alcaide-Mor de Évora, Olivença, Castelo de Vide, Campo Maior, Senhor da Quinta de Água dos Peixes (Alvito), de Arega e de Barbacena, etc, filho de Vasco Martins de Melo, Caçador-Mor de D. Pedro I, Guarda-Mor de D. Fernando e de D. João I, Alcaide-Mor de Évora, Castelo de Vide e Santarém, Senhor de Castanheira, Povoa e Cheleiros e da Quinta da Água dos Peixes, e de sua mulher, D. Maria Afonso de Brito, Herdeira do Morgado de Arega.
Martim Afonso de Melo participou na preparação da expedição a Ceuta e no assalto, encontrando-se junto do Infante D. Henrique,m quando este saltou em terra, sendo a sua bandeira a primeira que entrou em praça. Pelos seus feitos, por ser entendido nas artes bélicas, tendo escrito o livro "Da Guerra", e pçor ser muito estimado pelo Rei D. João I, foi o escolhido para Capitão e Fronteiro de Ceuta. Recusou, porém, essa honra, ao que se sabe, por não querer sujeitar os seus companheiros de armas a mais esforços de guerra. Em sua substituição foi então nomeadop D. Pedro de Menezes, como adiante se dirá.
Martim Afonso de Melo casou 1º com D. Beatriz Pimentel e casou 2º com D. Briolanja de Sousa. Do 1º casamento descendem, entre outros, os Duques de Cadaval, os Duques de Lafões. Do 2º Casamento (os "Briolanjos") descendem, entre outros, os Condes de Alcáçovas, os Condes de Galvêas, os Melo Sampaio, os Bivar Weinholtz, os Condes de Tarouca, os Pereira Coutinho, etc

3. D. Pedro de Menezes (c.1374-1437)
II Conde de Viana do Alentejo, I Conde de Vila Real, em Portugal, Conde de Aillon e de Aguilar, em Castela, I Capitão Donatário e Governador de Ceuta, Alferes-Mor do Reino, filho de D. João Afonso Teles de Menezes e de sua mulher, D. Maior Portocarrero, Senhora de Vila Real.
Armou à sua custa 7 navios que integraram a armada que, em Agosto de 1415, largou rumo a Ceuta, comandada pelo próprio Rei D. João I, que era acompanhado pelos Infantes seus filhos.
D. Pedro de Menezes distinguiu-se com bravura na conquista da praça, sendo um dos que colocou a bandeira do Infante D. Duarte na torre de Fez, ganhando a honra de ser armado Cavaleiro no campo de batalha.
Depois da vitória, reunido o Conselho do rei, perante a recusa de Martim Afonso de Melo em aceitar o governo de Ceuta, D. Pedro de Menezes fez constar ao Mestre da Ordem de Cristo, D. Lopo Dias de Sousa, que estaria disposto a assumir tal responsabilidade. Conhecedor da pretensão de D. Pedro, D. João I não hesitou em nomeá-lo Capitão e Fronteiro-Mor de Ceuta, cargo em que foi investido pelo Infante D. Henrique, nesse mesmo mês de Agosto de 1415. No acto de investidura, D. Pedro jurou defender a praça com a sua vida, usando apenas a vara de zambujeiro - o aléu - de que então se servia por estar ferido numa perna. Esse aléu passou a constituir o símbolo de autoridade dos governadores de Ceuta e ainda hoje se encontra na imagem de Santa Maria de África, venerada em Ceuta.
Dos 3 casamentos de D. Pedro, apenas ficou descendência de D. Brites, herdeira da Casa de Vila Real, nascida do 1º casamento com D. Margarida de Miranda, filha natural do Arcebispo de Braga, D. Martinho Afonso Pires da Charneca, linha representada actualmente pelos Marqueses de Vagos.
D. Pedro de Menezes teve, no entanto, vários filhos bastardos, sendo o seu unico filho varão, D. Duarte de Menezes, III Conde de Viana do Alentejo, I Capitão e Governador de Alcácer-Ceguer, Alferes-Mor do Reino, com geração, entre outros, nos Condes de Sabugal, Marqueses de Santa Iria e nos Condes de Tarouca, Marqueses de Alegrete. Das filhas bastardas, D. Aldonça, casou 2º com Luis de Azevedo, Vedor da Fazenda e Embaixador, com geração em Marqueses de Abrantes; de D. Isabel, casada com Rui Gomes da Silva, Alcaide-Mor de Campo Maior e Ouguela descendem, entre outros os Azevedo Malafaya, Senhores da Honra de Barbosa e os Marqueses de Lavradio, de Castelo Melhor e de São Payo; de D. Joana, casada em Castela com Afonso de Bivar, fidalgo castelhano, apoiante da causa de D. Joana, "a Excelente Senhora ou a Beltraneja" e de D. Afonso V, descendem os Bivar Weinholtz e os Nápoles de Carvalho.
(Ver: "Menezes. Notas Históricas e Genealógicas, 1999, minha autoria)

4. Gonçalo Nunes Barreto 
Fronteiro-Mor do Algarve, Alcaide-Mor de Faro e de Loulé, do Conselho de D. João I, Instituidor do Morgado de Santa Catarina de Quarteira, em 19.IX.1413, por troca com o senhorio e alcaidaria de Cernache dos Alhos . Filho de Diogo Gonçalves Barreto, que passou a Castela ao serviço de Henrique II, pelo que lhe foram confiscados os bens, nomeadamente, Cernache dos Alhos, devolvidos por reclamação de sua mãe, D. Brites Fernandes Pimentel, herdeira desse senhorio.
Gonçalo Nunes Barreto foi um dos homens de confiança do Infante D. Pedro, acompanhando-o na jornada de Ceuta, como capitão das suas tropas, recrutadas por ele, Gonçalo Barreto, no Alentejo e no Algarve.
Gonçalo Nunes Barreto casou com D. Inês Coutinho, dos Senhores de Cantanhede e tiveram outro Gonçalo Nunes Barreto, sucessor no Morgado de Santa Catarina, Alcaide-Mor de Faro e Loulé e Comendador de Castro Verde, na Ordem de Santiago, casado com D. Isabel Pereira, filha do venerando D. Diogo Pereira, Comendador-Mor da Ordem de Santiago e Governador da Casa do Infante D. João. Deste Gonçalo Nunes Barreto provêm 3 linhas varonis com geração: a de Nuno Barreto, Senhores da Casa, Alcaides-Mores de Faro, de que descendem os Duques de Loulé; a de Pedro Barreto, Comendadores de Almada e Castro Verde, com descendência em Bivar Weinholtz; a de Afonso Teles Barreto, Senhores dos Direitos Reais da Barca de Albufeira e da Portagem de Loulé, com geração nos Marqueses de São Payo e nos Bivar Weinholtz.

5. Lopo Dias de Azevedo
XIV Senhor do Couto de Azevedo, VI Senhor da Vila de Souto de Riba Homem, VII senhor da Quinta de Crasto, das Terras do Bouro e Padim, I Senhor de São João de Rei, Aguiar de Pena, Jales, Reguengos de Albiche, Remolhe, Padroeiro de São Clemente de Basto, mercês confirmadas por D. João I, em Melgaço, no ano de 1426. Armado Cavaleiro pelo Mestre de Avis na batalha de Aljubarrota. Nas Cortes de Coimbra, que aclamaram D. João I, representou o braço da Nobreza, ocupando a cadeira 60. Apesar da avançada idade, acompanhou o Rei D. João I na jornada de Ceuta, capitaneando um dos navios da armada daquela expedição. Filho de Diogo Gonçalves de Azevedo (1329-1369), XIII Senhor do Couto de Azevedo e de sua mulher D. Aldonça Coelho.
 Lopo Dias de Azevedo casou com D. Joana Gomes da Silva, filha de Gonçalo Gomes da Silva, Chefe dos Silva, Senhor de Vagos, dos quais foram filhos, entre outros: Lopo Dias de Azevedo, Senhor de Ponte de Sor, Aguiar de Pena, etc, esteve na jornada de Ceuta com seu pai, casado com D. Brites Garcês, deles descendendo, por sua filha D. Aldonça, os Bivar Weinholtz e, por seu filho Pedro, os nossos Azevedo; João Lopes de Azevedo, II Senhor de São João de Rei e das Terras do Bouro, casado com D. Leonor Leitão, deles descendendo, por suas filhas Beatriz e Violante, os Bivar Weinholtz e, por sua filha Isabel, os Deslandes; D. Filipa de Azevedo, casada com Luis Gonçalves Malafaya, com geração em Azevedo Malafaya; e ainda D. Maria de Azevedo, filha bastarda, casada com Gonçalo Borges, dos quai descendem, entre outros os Bivar Weinholtz.

Luis Bivar de Azevedo




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